05 novembro, 2012

Saudade


Eu cresci no meio da saudade. Nunca tive vó e vô morando perto. Nunca tive tios, tias e primos morando perto. Sempre na saudade. Não acho que isso me faça menos que os outros, não acho que sou digna de pena. Talvez isso tenha me feito forte. Ou fraca, por simplesmente incorporar esse sentimento.


Adoro os falantes da língua portuguesa que se gabam por ser o único idioma que tem uma palavra para expressar esse sentimento de falta. Saudade. É nossa. Só nossa. E por que isso é bom?

Não sei, mas é nossa. E eu tenho não só uma saudade, mas muitas. Sinto saudade da minha família que mora longe, daqueles que já foram para aquele lugar melhor, de amigos que nunca mais vi ou falei. Sinto saudade de épocas, de momentos que valeriam a pena serem vistos de novo. Mas a minha saudade principal é de mim mesma.

Vejo fotos e vídeos de uma Natália que não existe mais. Uma criança espontânea, alegre e terrível. Por que não tenho a coragem da Natália de 5 anos? Será que ela morreu? Será que ela vive em mim?

Só sei que sinto saudade. Lembro de momentos e meu coração chora. Lembro de pessoas que os caminhos da vida deram outro rumo. Que saudade. Guardo todos os bons e maus momentos, seja na memória, seja nos meus álbuns de fotografia. A saudade é nossa. Nós, humanos, independente do idioma. O que importa é sentir. Às vezes é isso que nos lembra do mais importante: que estamos vivos.