23 agosto, 2013

Alma para olhar


O que diferencia um fotógrafo de uma pessoa com uma câmera? Evgen Bavcar responde isso com sua incrível história de vida que tive o prazer de conhecer ao ler o livro "Memória do Brasil". Cego desde os 11 anos de idade, o esloveno produz fotografias que eu não conseguiria com o maior dos esforços. E para essa frustração, encontro uma resposta: fotografar é algo além de técnica; é sentimento. 

É incrível como percebo o quão cega eu posso ser, apesar de ter uma visão saudável. Eu vejo o que está na minha frente, mas compreendo? Consigo me aproximar da essência do que vejo? Ao menos faço algum esforço para me desprender do que o mundo quer que eu veja para que eu possa sentir? Bavcar, nesse livro, relata sua visão do que conheceu do Brasil e apresenta seus personagens pela beleza de suas vozes e os relaciona com as corres que guarda em sua memória visual. Parecido com uma das reflexões que traz o livro “O Mundo de Sofia”, de Jostein Gaarder, Bavcar nos provoca a subir no pelo do coelho, sair da zona de conforto e ver com a ingenuidade de uma criança, com a sensibilidade de visão de um cego.

A última frase do livro é sensacional: "Se para alguns o amor é dar o que não se tem, não lamento esse ato de amor que chamo minha fotografia conceitual, isto é, a doação da imagem."

Para quem gosta de fotografia e filosofia, esse é um ótimo livro! Super recomendo :) Compartilho aqui também uma das minhas fotos preferidas. Esse retrato chega a me provocar um arrepio, de tão belo, sensível e puro.

26 julho, 2013

Medianeras


“Todos los edificios, absolutamente todos, tienen una cara inútil, inservible, que no da al frente ni al contra-frente: la medianera. Superficies enormes que nos dividen y nos recuerdan el paso del tiempo, el smog y la mugre de la ciudad. Las medianeras muestran nuestro costado más miserable, reflejan nuestra inconstancia, las grietas, las soluciones provisorias, es las basura que escondemos debajo de la alfombra, sólo nos acordamos de ellas excepcionalmente, cuando vulnerada por las inclemencias del tiempo dejan filtrar sus reclamos. Las medianeras se han convertido un medio más de la publicidad, que en raras excepciones han logrado embellecerla, por lo general son dudosas indicaciones de los minutos que nos separan de los grandes supermercados o de la comida rápida, anuncios de loterías que nos prometen mucho a cambio de casi nada, aunque últimamente nos recuerdan la terrible crisis económica que nos dejó así: desocupados. Contra toda la opresión que significa vivir en estas cajas de zapatos, existe una salida, una vía de escape, ilegal, como todas las vías de escape, en clara contravención contra el código de planeación urbana se abren unas minúsculas e irregulares e irresponsables ventanas que permiten que unos milagrosos rayos de luz iluminen la oscuridad en la que vivimos.”

— Medianeras - 2011

Só precisamos abrir espaços. Abrir janelas onde o concreto impede que o sol passe. Aí sim talvez encontremos o Wally. Aí sim talvez a cidade pare de nos engolir e passemos a não apenas observar, mas sim viver a vida.

19 maio, 2013

O lado bom da vida

Há pouco mais de 12 horas eu pensei que precisava escrever aqui no blog sobre algo, mas não sabia o quê. Não poderia ser qualquer coisa, porque esse não é um espaço qualquer.

A inspiração chegou nessa tarde preguiçosa de um domingo chuvoso e frio. Eu não tinha planos além de ficar em casa fazendo absolutamente nada. Dediquei-me, então à leitura do livro O lado bom da vida, de Matthew Quick (que serviu de base para o filme de mesmo título).

O lado bom da vida. O título em si já gera reflexão para mim. Em meio aos problemas, às vezes esquecemos do lado bom. O enredo conta a história de Pat, um homem que fica internado por um tempo após fazer algo que ele não recorda. Ele muda de vida: começa a malhar, tenta ser gentil ao invés de ter razão, etc. Tudo isso por um motivo: ele quer voltar para o amor de sua vida, a Nikki. Aí tem muitas situações interessantes, que não vou entrar em detalhes. Só digo: leiam! 

Olho para a rua e vejo essa chuva interminável e começo a pensar na minha vida. Diferente de Pat, eu não fui internada e, aparentemente, não tenho fortes distúrbios mentais. Mas uma coisa eu tenho em comum com ele: eu quero um recomeço, eu quero ser uma pessoa melhor. Às vezes não sei onde encontrar forças. Fico sentada no meu quarto quase que com pena de mim, mas isso logo passa, pois lembro de tempos em que tudo era melhor por um só motivo: meu esforço para ter dias melhores.

A vida é esse eterno paradigma de estou bem - estou mal - estou melhorando - estou bem - estou SUPER bem - estou piorando. O bom é que esse paradigma nunca para. Eu acredito em finais felizes e acredito que nossa atitude tenha tudo a ver com esse resultado.


O lado bom da vida é ter uma tarde preguiçosa, é fazer um bolo para a família simplesmente por que deu vontade. É atualizar meu blog, é ter amigos que me entendam. É rir até chorar e também chorar por tristeza. Sim, o lado bom da vida também é ter tristeza. Porque assim aprendemos, assim superamos e assim chegamos à felicidade. Como saberíamos o que é ser feliz se nunca fomos tristes? Isso é viver; isso é a vida. E o lado bom da vida é exatamente esse: viver apaixonado pela vida.

PS.: Leiam o livro e assistam o filme de coração aberto. Talvez mude sua vida ou sua tarde :)
PS.2: Talvez o lado bom da vida seja colocar o livro na janela e fazer uma sessão de fotos. Vai saber?! 

28 abril, 2013

2.0

Nenhuma véspera de aniversário está sendo tão angustiante quanto essa. E o motivo? Nem eu sei. Parece que tem algo de especial sair daquelas idades que carregam o "teen" na língua inglesa. Talvez eu sinta que na virada da noite, quando os 20 anos chegarem, terei um peso a mais nas costas: serei adulta. Será que isso faz algum sentido? Acho que não. Mas como posso explicar isso para mim mesma?

No dia 29 nada vai mudar. Eu vou continuar sendo a mesma Natália do dia anterior. Talvez um pouco mais animada (quem não ama fazer aniversário?), talvez um pouco mais deprimida, não sei. Sou o meu maior mistério.

Encerro um ciclo e começo outro nessa virada. 2 décadas vencidas e vejo que ainda tenho muuuuuuuuito para aprender, muito para viver. Não me arrependo de nada dos meus últimos 365 dias. Vivi diversas situações, fui feliz, quebrei a cara, caí e levantei e me orgulho de dizer que sempre fui sincera comigo mesma. Acho que enquanto eu for sincera, estarei no caminho certo.

Que venham mais 20 com mais amor, paciência, fé, amigos verdadeiros, família, música boa, muitas fotos (quero uma lente 50 mm, ok?), paz, esperança e sinceridade! Õ/

14 fevereiro, 2013

Sei lá... Ela sempre tem a razão


Tem dias que eu fico pensando na vida
E sinceramente não vejo saída

Não são raros os momentos que me pego pensando na vida e o jeito que ela é. Sinceramente, muitas vezes não vejo saída. Não é por que a gente mal nasce e começa a morrer, como alguém sugeriria, mas sim porque a sociedade, em geral, é uma grande decepção. Vejo e me espanto que o pensamento de coletivismo é quase inexistente. É cada um olhando para o seu umbigo e já eras. O exemplo clássico é aquela pessoa que tem o entendimento filtrado: só ouve o que quer, o que lhe agrada. Que raios de democracia é essa que eu só aceito o que eu quero? E desde quando relacionamentos podem ser comparados à democracia? Sei lá, sei lá.

Eu tento sempre manter a minha fé na humanidade. Normalmente o que acontece é que uns poucos aprontam e a gente desconta a raiva no mundo inteiro. Reconheço, essa é a verdade. Não é que a humanidade seja ruim. O problema é que achar os bons é raro. Será?

A gente nem sabe que males se apronta
Fazendo de conta, fingindo esquecer
Que nada renasce antes que se acabe

Pensando nisso, quis elaborar uma lista de X motivos para ainda acreditar que, sim, o mundo é bom. Sim, há esperança! Melhor do que falar, é ver. Essas imagens valem mais que quaisquer palavras.



Veja mais imagens aqui.

Sei lá, sei lá
Só sei que é preciso paixão
Sei lá, sei lá