27 novembro, 2010


Tu tens um medo:
Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo o dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.

E então serás eterno.

Cecília Meireles

24 novembro, 2010

Carroceiros


Eu estou muito ocupada, mas mesmo assim acho tempo para pensar em coisas extremamente sem nexo. Hoje, por exemplo, vi um carroceiro fazendo uma barberagem e comecei a ver os PRÓS e CONTRAS desse transporte tão arcaico.

PRÓS:
Com exceção da poluição visual e de olfato dos dejetos deixados pelo cavalo, a carroça é 98% desfavorável a liberação de gases tóxicos, que provocam o efeito estufa agravado no planeta Terra. Os 2% restantes se devem a eventuais flatulências, as quais liberam metano para ferrar com o pleneta. Porém adaptando o famoso ditado e com perdão da expressão: o que é um pum para um mundo que já está todo cagado?

Se todos andassem de carroça, não haveria tanto acidente e, provavelmente, não existiram asfaltos (para não machucar os cascos dos bichanos que puxam tudo), o que melhoraria a absorção dos raios solares e blá blá blá.

CONTRAS:
Cocô de cavalo fedido no meio da rua e seu carro passando BEM em cima. Adoro.

O trânsito para com uma carroça em movimento.

Os carroceiros não pagam imposto pra usar a rodovia, ou seja, eles tão liberando dejetos em uma estrada que eles, por lei, nem tem direito de uso.

E o pior: o cavalo. O coitado não tem culpa de ter que puxar 300 mil quilos que o dono quer levar de um lado para o outro. Eu tenho muita raiva quando vejo aqueles cavalos que dá para ver as costelas do bichinho. Não é justo.




Há outro ponto, porém: quem tem carroça é por que não pode bancar um carro. E se todos tivessem carro, a poluição seria maior ainda. OU SEJA: não há ganhador entre os prós e contras. Ou a gente arruma algo barato e não poluente pra deixar os cavalos livres pelos campos desse Brasil ou eles continuarão como escravos e destruidores de um trânsito decente.

22 novembro, 2010

O que levam borboletas...


Hoje, tive que voltar da escola a pé, o que inclui uma boa caminhada e uma pequena espera no ponto. Quando finalmente chegava à minha casa, fui surpreendida por um pequeno ser que me cortou a frente. Era uma borboleta branca. Primeiramente, pensei em reagir como se aquela fosse uma mosca, um ser totalmente irritante, com um abanar de mãos para afastar de mim o animalzinho. Porém não foi isso que fiz. Eu parei e observei. Confesso que sorri.

Talvez aquela teria sido a intenção da borboleta. Cruzar meu caminho, fazer com que um rosto sério, transbordando preocupações, se convertesse em um singelo sorriso ao contemplar a beleza da natureza à minha volta. Por alguns segundos esqueci de tudo e só pensei na borboleta e o que levou-a a passar por mim daquele jeito. Sendo esse o objetivo, ou não, ela me tocou fundo.

15 novembro, 2010

Desistir

Hoje eu falei para mim mesma:
-Desiste, Natália. Não dará em nada mesmo.


E agora pensei: por que desistir? A desistência nunca levou ninguém a nada. Um ótimo exemplo foi o jogo feminino de vôlei esses dias. O time adversário precisava fazer um ponto ainda e nós uns quatro (não sei). A derrota era previsível. Já comentávamos o que faríamos quando o jogo acabasse. Mas acontece que começamos a fazer pontos e chegou a faltar dois pontos para que nós fechássemos o jogo também. Por uma mão na rede, elas ganharam o ponto e foram campeãs.
Apesar de não termos alcançado a nossa meta, nós saímos como vitoriosas, porque não desistimos.
É o famoso clichê (aliás, falar em clichês é mega clichê) do brasileiro: não desiste nunca.
Talvez seja apenas a escolha da palavra errada, não desistir, mas deixar um pouco de lado. Se é pra acontecer, vai acontecer. A vida é super imprevisível.

05 novembro, 2010

Final alternativo

"Já faz quase cinco anos...Cinco anos que ela se foi. Nossa vida estava tão boa, estávamos tão felizes com a vinda de uma nova irmã. Mas não foi assim. A irmã veio, mas a mãe se foi em um dia só. Acho que nunca me recuperei.
Passei por diversas fases. Briguei muito com todos, foi o jeito que encontrei de expressar minha dor. Todos entenderam, mas parece que com um tempo ninguém mais se importou. Ou pelo menos ninguém mostrou interesse. Ou talvez eu fingisse muito bem que nada estava errado.
E agora faz cinco anos.
A vida está diferente, estou em outra cidade e morando sozinho. Não é fácil. Vou ir pro exército, ver se consigo sair do buraco que estou.
E a mana? Ela é tão linda. Alegria pura. Se não fosse ela já teria me matado há muito tempo.
Mas isso só não me basta. Falta algo. Estou seco por dentro.
Talvez seja apenas um sentimento de adolescente, não sei. Acho que nunca vou conseguir. A vida é sem sentido e ninguém se importa mesmo comigo. Apenas recebo críticas e palavras de como devo viver. Estou farto de toda essa merda.
Não vejo outra solução se não a morte. É hoje que ela vem. É hoje que parto para uma melhor".

------------
*toc toc*
-Oi, tu tá aí? (...) Abre a porta! Faz tempo que não conversamos, tu anda sumido.
-O que tu quer?
-Quero ver se tu tá bem.
-Pode entrar...
-Eu sei que essa data é difícil, queria saber como tu estava...
-Sabe, eu queria me matar nessa noite.
-Que? Não fale uma coisa dessas. Tu nem imagina o quão importante tu é pra toda tua família. Pensa em todos eles, e como eles dariam a vida deles por ti. Promete que tu nunca vai fazer isso?
-Prometo por ti. Por favor, nunca me abandone...



Essa era a história que eu gostaria de conhecer. Infelizmente, o fato realmente aconteceu até a linha pontilhada. Faz 3 meses já e eu ainda penso o que teria acontecido se eu tivesse prestado mais atenção em ti, ter te dado algum apoio que eu deveria como prima. Não tem um dia que eu não pense em ti, pensar que tu estaria com a gente nas próximas férias. Faz 3 meses que tu tomou a pior decisão, que não nos machucará apenas por meses, mas sim pro resto de nossas vidas. A dor de querer voltar no tempo, pegar um ônibus e bater na porta do teu apartamento e te convencer de que a vida é boa, e sempre pode melhorar.
Não sinto culpa. Só tristeza.
Onde quer que tu estejas, saiba que há corações chorando por ti, mesmo tu achando que não tinha ninguém.
Vou te guardar na memória e a cada dia 5 do mês eu lembrarei do pior dia de todos.