09 setembro, 2012

Nas entrelinhas da vida

Saí de lá suando. Senhor, como estava quente. Será que esse aeroporto não tem ar condicionado? Será que esse ar condicionado é tão ruim que não esfria o ambiente? Será que tá tão calor que o ar condicionado não dá conta? Enfim, pouco importava.

No trajeto, a surpresa: não teríamos venda de produtos, porque havia muita turbulência e nem os aeromoços estavam autorizados a tirar o cinto. Pouco me importava também. Eu tinha meu livro, meu iPod e nem a pau que iria gastar 4 pila em uma água. (Porque passam a faca assim na gente?!)

O livro que levei e devorei foi o "Nas entrelinhas do horizonte", do Humberto Gessinger (recomendo a leitura, até empresto se for necessário, hihi). Tão belo quanto as músicas do Engenheiros do Hawaii. Gessinger capta as sutilezas da vida. É impressionante. Com humor, ele faz a crítica e, melhor, provoca uma reflexão.

Em uma sociedade tão automatizada, ler sobre as particularidades da vida é fantástico. Sim, a vida não é automática!! Pasmem! Nossas ações importam, nós ainda somos humanos!! Ou será que somos?

Em SP tem mercados que funcionam 24 horas por dia. Não para nunca. Já parou para refletir sobre isso? Uma cidade que não dorme. Isso não pode ser saudável; isso não pode ser natural.

Enfim, cheguei na capital rio grandense com um clima totalmente diferente. Chovia e estava friozinho. "Droga", pensei. Estava de sandália. E eu havia voado com a Webjet, companhia aérea que faz a gente caminhar pela "pista" para chegar no aeroporto. 

Sem dúvida que eu ia molhar o pé. Tentei desviar das poças, mas não adiantou. Por um breve instante me irritei. Poxa, meu pé estava molhado! Mas, de repente, o pensamento mudou: "Opa, meu pé está molhado!". Era apenas a chuva; era a chuva! A água que cai do céu e molha plantações, abastece rios e leva embora o pó das ruas.

Não sei se foi um momento inspirado pelo Gessinger, mas eu fiquei feliz. Senti-me abençoada por ter a chuva, por poder sentir ela nos meus pés. Que momento lindo. Que prova que a vida é bela. Só precisamos enxergar. 

"Se tem alguém aí prisioneiro da melancolia-banzo-spleen-blues que costuma pintar no fim dos ciclos, sem saber o que fazer, achando que seu futuro não vale uma moeda de 11 centavos, deixo meu especial abraço. Enquanto abraço, sussurro: 'Vale muito mais!'"
GESSINGER, Humberto. Nas entrelinhas do horizonte, pg 154.

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