14 setembro, 2014

Sobre o prazer de (re)descobrir um clássico

Hoje finalmente terminei de reler o clássico "Orgulho e Preconceito", de Jane Austen. Fiquei surpresa ao perceber o quão prazeroso foi ler, depois de alguns anos, a mesma história e perceber a história de um jeito completamente diferente. 

A única outra vez que algo assim se passou comigo foi quando reli "O pequeno príncipe", de Antoine de Saint-Exupéry. Aliás, para uma criança curtir esse livro eu tenho duas teorias: ou ela está inventando ou ela é muito avançada. Eu penso que esse é um livro sobre a doçura da vida, algo que uma criança vive e, aos poucos, vai perdendo. Então quando li esse clássico já com mais idade, eu finalmente compreendi e o coloquei na minha lista de preferidos.

Já O & P é outra história. Quando li, eu já estava no Ensino Médio, mas ainda tão imatura em relação à vida. Aliás, acho que eu descobri a vida mesmo quando entrei na universidade. Minha percepção de anos atrás era de um romance lindo e maravilhoso e que o Mr. Darcy era o sonho de toda mulher. Até ficava irritada nas intermináveis páginas em que o personagem não aparecia.

"Se eu tivesse um real para cada vez que me apaixono por um personagem de ficção, eu poderia pagar a terapia que eu, obviamente, necessito."
Hoje ainda acho que o Mr. Darcy é o sonho de qualquer mulher e o meu, especialmente (me levando a crer que vou morrer solteira, porque um padrão Mr. Darcy é praticamente impossível de ser alcançado). Mas eu finalmente reconheci o protagonismo da Miss Elizabeth Beneth, a heroína dessa história tão interessante que retrata a sociedade inglesa dos anos 1800. Mr. Darcy é uma migalha do lado da importância da Lizzie na narração. Uma mulher a frente do tempo dela e, ouso dizer, do nosso tempo também.

Apesar da narrativa se passar em um tempo tão distante, as lições continuam válidas. Lizzie não busca um casamento vantajoso (o que na época era um dos principais motivos para se casar), mas sim um casamento que dê felicidade, que seja baseado em amor. Graças a Deus, hoje em dia nós, mulheres, em grande maioria, temos essa liberdade de sermos donas de nós mesmas (inclusive podendo escolher não nos casarmos). Vale lembrar que naquela época uma mulher sem marido era uma mulher sem renda e muito mal vista na sociedade.

Lizzie também dá um belo exemplo de quebra de preconceitos, que muitas vezes formamos e nunca mais desmanchamos. O orgulho em excesso nos impede de dar um passo atrás e saber mudar de ideia. Cada vez concordo mais que a vergonha não é mudar de ideia, mas sim de permanecer na ignorância e em um mundo fechado, impossibilitando novas ideias de chegarem. É difícil, sim. Mas é um exercício diário que todos nós deveríamos tentar.

Em suma, um livro extremamente interessante e que vai além de um romance qualquer, pois traz além de uma história bonita muitos ensinamentos e tópicos para a reflexão - que tanto falta na nossa sociedade.

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