15 novembro, 2010

Desistir

Hoje eu falei para mim mesma:
-Desiste, Natália. Não dará em nada mesmo.


E agora pensei: por que desistir? A desistência nunca levou ninguém a nada. Um ótimo exemplo foi o jogo feminino de vôlei esses dias. O time adversário precisava fazer um ponto ainda e nós uns quatro (não sei). A derrota era previsível. Já comentávamos o que faríamos quando o jogo acabasse. Mas acontece que começamos a fazer pontos e chegou a faltar dois pontos para que nós fechássemos o jogo também. Por uma mão na rede, elas ganharam o ponto e foram campeãs.
Apesar de não termos alcançado a nossa meta, nós saímos como vitoriosas, porque não desistimos.
É o famoso clichê (aliás, falar em clichês é mega clichê) do brasileiro: não desiste nunca.
Talvez seja apenas a escolha da palavra errada, não desistir, mas deixar um pouco de lado. Se é pra acontecer, vai acontecer. A vida é super imprevisível.

05 novembro, 2010

Final alternativo

"Já faz quase cinco anos...Cinco anos que ela se foi. Nossa vida estava tão boa, estávamos tão felizes com a vinda de uma nova irmã. Mas não foi assim. A irmã veio, mas a mãe se foi em um dia só. Acho que nunca me recuperei.
Passei por diversas fases. Briguei muito com todos, foi o jeito que encontrei de expressar minha dor. Todos entenderam, mas parece que com um tempo ninguém mais se importou. Ou pelo menos ninguém mostrou interesse. Ou talvez eu fingisse muito bem que nada estava errado.
E agora faz cinco anos.
A vida está diferente, estou em outra cidade e morando sozinho. Não é fácil. Vou ir pro exército, ver se consigo sair do buraco que estou.
E a mana? Ela é tão linda. Alegria pura. Se não fosse ela já teria me matado há muito tempo.
Mas isso só não me basta. Falta algo. Estou seco por dentro.
Talvez seja apenas um sentimento de adolescente, não sei. Acho que nunca vou conseguir. A vida é sem sentido e ninguém se importa mesmo comigo. Apenas recebo críticas e palavras de como devo viver. Estou farto de toda essa merda.
Não vejo outra solução se não a morte. É hoje que ela vem. É hoje que parto para uma melhor".

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*toc toc*
-Oi, tu tá aí? (...) Abre a porta! Faz tempo que não conversamos, tu anda sumido.
-O que tu quer?
-Quero ver se tu tá bem.
-Pode entrar...
-Eu sei que essa data é difícil, queria saber como tu estava...
-Sabe, eu queria me matar nessa noite.
-Que? Não fale uma coisa dessas. Tu nem imagina o quão importante tu é pra toda tua família. Pensa em todos eles, e como eles dariam a vida deles por ti. Promete que tu nunca vai fazer isso?
-Prometo por ti. Por favor, nunca me abandone...



Essa era a história que eu gostaria de conhecer. Infelizmente, o fato realmente aconteceu até a linha pontilhada. Faz 3 meses já e eu ainda penso o que teria acontecido se eu tivesse prestado mais atenção em ti, ter te dado algum apoio que eu deveria como prima. Não tem um dia que eu não pense em ti, pensar que tu estaria com a gente nas próximas férias. Faz 3 meses que tu tomou a pior decisão, que não nos machucará apenas por meses, mas sim pro resto de nossas vidas. A dor de querer voltar no tempo, pegar um ônibus e bater na porta do teu apartamento e te convencer de que a vida é boa, e sempre pode melhorar.
Não sinto culpa. Só tristeza.
Onde quer que tu estejas, saiba que há corações chorando por ti, mesmo tu achando que não tinha ninguém.
Vou te guardar na memória e a cada dia 5 do mês eu lembrarei do pior dia de todos.

15 outubro, 2010

Ânsias


Eu sou constantemente tomada por um sentimento de ânsia. Eu realmente não sei da onde isso vem, mas está sempre comigo.
Eu não consigo me contentar com nada. Parece que sempre estou buscando algo maior e maior.

Um grande exemplo disso é quando falo da minha cidade. Normalmente digo que não aguento esse lugar, que não tem nada para fazer, o que é, de certo modo, mentira. O problema, na verdade, está em mim. Eu que sonho mais que isso.

E acho que isso é super bom. Eu sempre fico pensando em como vai ser meu futuro. Se eu tenho alguma chance de me dar bem na área em que eu escolher, e quando esse sentimento de ânsia preenche meu coração eu tenho certeza que eu vou lutar e vou correr atrás de uma vida boa. O que me preocupa é se algum dia eu irei conseguir me acomodar em algo. Em algum momento vou ter que fazer isso. E se eu não conseguir?

Talvez por isso algumas pessoas do meu convívio não consigam me compreender. Não vou dar uma de Justin Bieber e dizer que eu sou o Kurt Cobain da minha geração ("ninguém me compreende"), porque não é assim. Vou ser um pouco mais humilde e dizer que sou o Jesus da minha geração AH TRI, zuera.

Ai sei lá, sempre achei que eu era tão certa sobre minha vida. Agora tenho sonhos e dúvidas e essa vontade louca de começar agora uma revolução em mim mesma ou no mundo, né hahaha

08 outubro, 2010

Dia das Crianças


Chega essa época do ano e me bate uma saudade imensa.

É uma saudade de mim mesma quando criança. Essa fase da vida é linda demais. Não há preocupações, a vida é um grande e encantado mistério.

Tento manter essas impressões infantis no meu dia-a-dia. Não acho que exista algo mais bonito que o jeito das crianças de ver o mundo, de agir. Não há maldade intencionada e cada novo fato é de extrema importância e causa uma euforia sem explicação.

Esses dias ajudei a cuidar de crianças e fiquei atônita com muitos momentos. Uma hora uma guria que estava correndo chegou do meu lado e pediu para eu sentir o coração dela, que estava muito acelerado. Aquilo me tocou. Um simples coração pulsando acima do normal já é algo impressionante e digno de ser repassado para quem queira ouvir. Posso ser emotiva demais, não sei, mas fiquei emocionada.

Assim somos quando crianças. Eu, quando vejo fotos minhas, sinto uma mistura de emoções. Primeiro, de alegria por eu ter vivido tão intensamente aquela época. E depois tristeza, por eu achar que talvez um pedaço daquela pequena Natália tenha morrido com o tempo. Uma Natália sempre alegre, espontânea, cheia de vida. Mas então eu percebo que ela não morreu. Ela está dentro de mim, porque ela é EU (que estranha essa frase, haha). O tempo, os costumes, a sociedade parecem que esperam que cresçamos, que deixemos de ser crianças, viremos adultos- pessoas estressadas, cansadas de tudo? Por que?

É dia das crianças. Pra mim, esse dia é de todos. Porque todos, no fundo, somos crianças. O dia em que a criança de cada um morrer, o mundo envelhecerá milhares de anos e tudo vai ser chato demais.

PS.: Perceba pela foto que eu não era a criança mais normal do mundo, mas com certeza a criança que, se eu pudesse, seria de novo.

05 outubro, 2010

Tem uma giganta no banheiro

Na verdade, tem uma lagartixa. Aquelas tipo transparentes, sabe? Apesar de sua aparente insignificância, ela me causa horror. Seus olhos arregalados me dão a impressão que ela também compartilha desse sentimento. Imagino sua reação em estar nesse pequeno universo a parte da natureza.

"Que lugar claro! Hm, aqui deve ter muitos insetos para eu me alimentar. Será? Vou dar uma olhada."


E a lagartixa passeia pelo local.

"Não, definitivamente não há comida aqui. Vou voltar para OPA!!!, fecharam o buraco por onde entrei. Estou trancado aqui."


Um certo tempo passa e a porta se abre- uma moça loira, de cabelos rebeldes entra.

"Tem uma giganta no banheiro!"

"Tem uma lagartixa no banheiro!"


O sentimento de repulsa é recíproco. Que mal uma lagartixa pode fazer? Ela mata os insetos e isso é bom. Por outro lado, ela salta nas costas daqueles que as odeiam. [Seria essa uma vingança desse preconceito? Só por que o bixano é bizarro, ele é tratado com nojo. Vingança??]

E que mal uma guria poderia fazer? Só ela pode abrir a janela que dá para os insetos, plantas. Mas e o mal que ela poderia fazer ao ser daquele tamanho? Ela não faria qualquer coisa. Seu nojo é maior e talvez por isso mereça ser atacada por lagartixas vingativas. [Vingança??]

"Acho melhor que tu abra essa janela."

"Ah, é? Por que?"

"Talvez porque eu possa pular em ti e isso não é muito legal. Nem pra ti, nem pra mim. Argh"

"É verdade. Vou abrir essa janela e permitir a fuga dessa criatura."


E assim, mais uma vez, o universo volta ao normal. Lagartixas planejando golpes contra gigantes e pessoas imaginando a mente perversa de animais pequenos, transparentes e de olhos expressivos.

A natureza é fantástica!